RESUMOS

CONFERENCISTAS E RESUMOS DOSTRABALHOS 

SÉRGIO PAULO ROUANET

Diplomata, ensaísta e tradutor, é membro da Academia Brasileira de Letras desde 1992. Formado em direito pela PUC/RJ, fez curso de Pós-Graduação em Economia pela Universidade George Washington, em Ciência Política na Universidade de Georgetown, em Filosofia pela New School for Social Research. É também doutor em ciência Política pela USP. Notabilizou-se entre nós como um dos grandes pensadores da modernidade tardia e uma das principais referências intelectuais da Escola de Frankfurt no Brasil, sendo um dos maiores responsáveis pela sua divulgação em textos de grande erudição e elegância de estilo. Como tradutor, nos permitiu acesso a livros seminais de Walter Benjamin como Origem do Drama Barroco Alemão e aos textos do Primeiro Volume das Obras Escolhidas, editado pela Brasiliense. Entre seus inúmeros livros podemos destacar: Teoria Crítica e Psicanálise (1983), As Razões do Iluminismo (1987), Mal-Estar na Modernidade (1993), O Espectador Noturno (1988), Os dez amigos de Freud (2003), As Razões Nômades: Walter Benjamin e outros viajantes (1994), Ideias: da natureza global à universal (2003).

Título: AS TRÊS FIGURAS DO TEMPO

Resumo: O autor distingue o tempo  da natureza e o tempo humano, este subdividido em tempo subjetivo e tempo social, e tenta mostrar como o tempo natural e o humano se articulam entre si e como as duas figuras do tempo humano contribuem para moldar nossa modernidade.  

Diplomat, essays publisher, translator, member of the Brazilian Letters Academy since 1992. Graduated in law at PUC/RJ, attended George Washington University for his post graduation course in Economy, attended Georgetown University in Political Science, and the New School for Social Research in Philosophy. He is also doctor in Political Science at USP. He is known among us as a great late modern thinker and as one of the Frankfurt School references in Brazil, he is one of the greatest responsible for the promotion of its texts within big erudition and elegance. As a translator assured our access to important books from authors as Walter Benjamin, Origem do Drama Barroco Alemão, and to texts from the First Volume of the Chosen Literature, edited by Brasiliense. Among his several books we can put enphasis on: Teoria Crítica e Psicanálise (1983), As Razões do Iluminismo (1987), Mal-Estar na Modernidade (1993), O Espectador Noturno (1988), Os dez amigos de Freud (2003), As Razões Nômades: Walter Benjamin e outros viajantes (1994), Ideias: da natureza global à universal (2003).

Title: The three figures of time

Abstract: The author differentiates nature timing and human timing, which would be divided into subject time and social time, and tries to show how nature timing and human interact and how both figures of human timing shape our modernity.

 

ANDRÉ BARATA DO NASCIMENTO

Doutor em Filosofia Contemporânea pela Universidade de Lisboa. É professor auxiliar na Universidade da Beira Interior, onde dirige o mestrado de Ciência Política. É membro da direção do Instituto de Filosofia Prática e vice-presidente da Associação Portuguesa de Filosofia Fenomenológica. Publicou em 2000 Metáforas da Consciência (Porto, Campo das Letras), em 2007 Sentidos de Liberdade (Covilhã, Ta pragmata) e, em co-autoria com Rita Taborda Duarte, Experiências Descritivas (Lisboa, Caminho), em 2010 Mente e Consciência – Ensaios de Filosofia da Mente e Fenomenologia (Lisboa, Phainomenon). Organizou em 2011 o volume Representações da Portugalidade (Lisboa, Leya/Caminho) e tem no prelo Primeiras Vontades (Lisboa, Documenta).

Link para sua página pessoal:http://www.andrebarata.com/

 
Título: O REGIME TEMPORAL DA AUSTERIDADE

Resumo: Vivemos tempos árduos. Depois de todos os óbitos anunciados, da literatura e seus autores, de deus até; depois de todos os fins, da arte, da política, mesmo da história, restaria, talvez, antes do pó da terra, a resignação de umas vontades últimas, a capitular sobre o humano que fomos, às vezes até com grandeza. Mas, será mesmo o fim dos tempos o que nos aguarda?

Desde que a austeridade se instalou no opulento Ocidente, em várias escalas da coexistência humana, vive-se sem projeto de comunidade. Administramo-nos e somos administrados pela racionalidade da eficácia, diminuídos à condição de meios a proporcionar o fim da eficiência. Um esquema societário da subtração chamado austeridade hegemoniza-se sob o fundamento duplo de que, na ordem dos fato, o mundo não basta para todos e de que, na ordem dos valores, não devemos dar por garantido nenhum direito adquirido quanto à existência digna no mundo.

A passagem do Século 20 ao Século 21 foi a passagem de uma premissa de crescimento econômico garantido a uma premissa de subsistência econômica incerta. Simplesmente, esta não tem sido uma passagem transparente. É assumida de forma demasiado abrupta e, no essencial, para introduzir no regime da austeridade a mais certa dessubjectivação dos cidadãos: subtrair-lhes o exercício do seu tempo próprio. O que fora o desígnio de outrora de uma sustentabilidade futura deu subitamente lugar a uma consciência extremada da insustentabilidade passada. Neste jogo de responsabilidades adiadas no passado e agora assacadas ao passado, com a ameaça futura a tornar-se passada sem que tivesse passado pelo nosso presente, perpetra-se um enorme salto sobre o tempo da contingência e das escolhas que seria o exercício desse presente elidido. A Gestalt passou a ser outra e os sinais das coisas passaram a ser lidos por um novo princípio: da subtração. Forma-se assim o Zeitgeist das vidas austeras: coladas ao fluxo mecânico da necessidade. Condenamo-nos austeramente à necessidade da heteronomia.

Mas, um sistema de escolhas que não arranque do exercício do presente é um sistema de escolhas distorcido. A escassez apresentada como fato consumado sobrecarrega as consciências cidadãs com exigências de culpas apuradas e penalizações à medida. Quem decide politicamente faz escolhas olhando, sobretudo, à responsabilidade passada, dispensando-se com isso de assumir a abertura do presente e de nele assumir plenamente a responsabilidade das escolhas feitas. A distorção não podia ser mais clara: fazem-se ainda escolhas, mas como se não o fossem, como se fossem inevitabilidades determinadas por estilos de vida passados, esses sim escolhas, na verdade más escolhas, a penalizar. E, previsivelmente, elegem-se bodes expiatórios: governantes passados são diabolizados; mas também a comunidade toda, posta no patíbulo da reprovação por ter "vivido acima das possibilidades". No fundo da questão, o que se instala no regime societário da subtração é a adversidade à própria vontade de escolher.

Viver em democracia também é, sugere o austerismo, viver acima das possibilidades. O exercício da escolha, que os ciclos democráticos pressuporiam, é posto sob a suspeita da leviandade, sobretudo se forem dadas a escolher novas escolhas. Escolher é de certa maneira viver acima das possibilidades, é sobretudo recusar a elisão de as imaginar e por elas se guiar. Pelo contrário, o que a austeridade espera da democracia é que deva desdemocratizar-se enquanto irrupção da novidade; deve, antes, procedimentalizar-se enquanto consagração de uma eficiência decisória, necessitarista. Os democratas, que muito escolhem e pouco decidem, são assim destronados na tecnodemocracia pelos tecnocratas, que muito decidem e pouco escolhem. Naturalmente, a eurocracia é só uma instância desta tecnodemocracia, que, por si só, é só um sintoma do regime subtractor que a austeridade promove - sem tempo do possível, já não se vive, sobrevive-se apenas. Resta saber que tempo de resistência se pode opor ao regime da austeridade.

Doctor in Contemporary Philosophy by the University of Lisbon. Auxiliary teacher at the University from Beira Interior, where he conducts the master program in Political Science. He is member of the directing Practical Philosophy Institute and vice president os the Portuguese Association of Phenomenological Philosophy. He published in 2000: Metáforas da Consciência (Porto city, editor Campo das Letras), in 2007: Sentidos de Liberdade (Covilhã city, editor Ta pragmata) and, as a co-author with Rita Taborda Duarte: Experiências Descritivas (Lisbon city, editor Caminho), in 2010: Mente e Consciência – Ensaios de Filosofia da Mente e Fenomenologia (Lisbon city, editor Phainomenon). He organized in 2011 the volumes of the Representações da Portugalidade (Lisbon city, editor Leya/Caminho) and he is about to have published a new book Primeiras Vontades (Lisbon city, editor Documenta).

Title: The rigid temporal regime 
 

Abstract: We live in difficult times. After all death announcements around our literature and its authors, after god’s death announcement, after all ends, of the art, of the politics, even of history, it would last, maybe, before earth dust, the resignation of the last wills to think about the human we had been, sometimes even in great manners. But would it truly be the end of times what we should expect for?

Since the austerity placed itself in the West, in various human coexisting levels, one lives without a community project. We administrate and we are administrated by the efficiency rationality process, diminished as conditions of means to promote efficiency main goals. This is as social scheme of the subtraction so called austerity which one becomes hegemonic on the double fundament that, in the facts’ orders, the world is not enough for all and that, in the values’ orders, we should not take for granted any accomplished right when it comes to the dignifying existence in the world.

The path through the 20^th century to the 21^st century was a passage from the assured premise of an economic growth to a premise of uncertain economic subsistence. And this has not been a transparent passage. It is assumed in a way too abruptly, and in essence, to introduce in the austerity regime the most certain citizens subjectivities nullity is to diminish the subjects exercise of their own time. What has been the expected projected sustainable future turned into an excessive conscious of the insustainability of the past. In this game the responsibilities postponed in the past and the ones that were made up, within the  future threaten to become passed without having happened in our present, interfere in what are going to be the choices in the present and promotes a crossover on what would be the timing of the eventual and the possible. The Gestalt has become another and the signs of things started to be read by a new principle: the one of the subtraction. This contexts forms then the Zeitgeist of the austerity lives pushed towards a mechanic flow which standardize the necessity. We condemn ourselves to the austerity necessity of the heteronomy.

But a system of choices that is not able to be placed in the present, it is a system of choices all distorted. The lack of sources presented as a due fact overloads the citizen conscious within guilty demands and punishment measures. Whoever decides politically, makes choices facing, mainly, the past responsibility, not assuming the compromise to open himself to the present dealing completely with the choices been made. The distortion could not be more clear: people are still choosing, but as if there were not choices, as if they were inevitability determined by passed life styles, and these in fact would have been the only choices, in fact bad choices at that time, so to be punished. And, predictably, there are some elected ones to be penalized in honor of all: past governs become beasts; but also the whole past community which lived at that time, they are all put into failure condition for having lived beyond the choosing possibilities. At the end what it has been installed in the social regime of the subtraction is the fear of having the will to make choices.

Living in a Democracy also can suggest the austerity, living beyond or above the possibilities. The choosing exercise, that the democratic cycles should afford, is put under suspicion of levity, especially if it is a choosing exercise on making the choice for new choices. Choosing is in somehow a way of living beyond and above the possibilities, it is mainly to refuse the subtraction of imagining and being guided by them. In the other hand, what the austerity relies upon democracy is the possibility to become a less democratic arena for the emergence of the new, it must rely on the means of efficiency, becoming focused on processing the necessity and the utilitarian scheme. The democrats that choose a lot but do not decide too much, are replaced by the techno democratic ones, that usually decide upon a lot of themes but do exercise poorly their capacity of choosing. Naturally the so called Euro democracy is a sign of this techno democracy instance and its austerity as a subtraction  - without the possible and available time, one does not live anymore, but only survives. Last but not least we must find out which will be the resistance time that will become a clear opposition to the austerity regime.  

RAFFAELE LAUDANI  

É professor de História do Pensamento Político e de Estudos do Atlântico no departamento de História da Universidade de Bologna na Itália. Lecionou na Universidade de Columbia em Nova Iorque. Suas pesquisas estão focadas no Pensamento Político Moderno e Contemporâneo, na Teoria Crítica, nos Movimentos Sociais e no Radicalismo Negro. Dentre suas recentes publicações está o livro Disobbedienza, lançado em 2011 em Bologna pela editora II Mulino. Este livro foi traduzido para o português: Desobediência, da editora Proteus, lançado em 2012 e também para o inglês pela Universidade de Cambridge: Forthcoming Disobedience.

Para maiores informações visite o link: http://www.unibo.it/SitoWebDocente/default.htm?UPN=raffaele.laudani%40unibo.it

Título: TEMPO DA DESOBEDIÊNCIA. POR UMA TEORIA POLÍTICA DO PODER DESTITUINTE

Resumo: O pensamento moderno atualmente tem considerado os diversos termos da mudança radical em respeito principalmente ao “poder constituinte”, como por exemplo, a ativação de uma energia criadora que inderivada do nada (ex nihilo) traz uma (nova) ordem institucional com a qual cada relação humana é disciplinada e organizada (poder constituinte). Juntamente com este contexto, porém, tem emergido uma outra maneira (minoritária) de pensar a mudança radical como um processo de contínua e tendenciosa remoção sem fim, dos obstáculo legais, políticos, sociais e culturais que em toda ocasião se opõem ao completo movimento desta mesma energia política. Nós chamamos esta alternativa de “poder destituinte”. Ambas as maneiras de pensar são expressões de força, poder (e desejo) de ser algo novo e diferente daquilo que existia anteriormente. O que difere é a temporalidade da mudança radical: no primeiro caso, este poder é a resposta para a “ausência”, falta (manque à etre),  à qual o sujeito tem que preencher por meios de lutas políticas e os conflitos de direitos, liberdade e melhores condições de vida que devem inevitavelmente serem postas a partir de um quadro institucional próprio se elas quiserem ser devidamente garantidas. No segundo caso, ao contrário, o poder é um movimento imanente da super oferta, da “superabundância essencial” que não tem necessidade de ser conquistada, uma vez que ela já existe, mesmo que em sua forma em potencial, mas liberta das correntes institucionais que restringem sua expressão.


Professor of History of Political Thought and Atlantic studies at the Department of History of the University of Bologna. He has taught at Columbia University in New York. His research focus on Modern and Contemporary Political Thought, Critical Theory, Social Movements and Black radicalism. Among his recent publications: Disobbedienza, Bologna, Il Mulino, 2011 (sp. trans. Desobediencia, Proteus, 2012; eng. trans. forthcoming Disobedience, Cambridge University Press). For more infos: http://www.unibo.it/SitoWebDocente/default.htm?UPN=raffaele.laudani%40unibo.it

Title: THE TIME OF DISOBEDIENCE. FOR A POLITICAL THEORY OF DESTITUENT POWER

Abstract: Modern political thought has usually considered radical change mainly in terms of a“constituent power”, ie. as the activation of a creative energy that ex nihilo brings about a (new) institutional order within which human relationships are disciplined and organized (constituted power). Together with this, however, there has arisen another (minority) way of thinking of radical change as a process of a continual, tendentially endless removal of the legal, political, social and cultural obstacles which on every occasion oppose the full deployment of that very same political energy. We call this alternative way "destituent power". Both ways of thinking are expressions of a force, of a power (and desire) to be something new and different from what already exists. What differs is the temporality of radical change: in the former case, this power is the answer to an “absence”, to a manque à etre, which the subject has to fill by means of political struggle and the conquest of rights, freedom and better living conditions that must unavoidably be set within an institutional framework if they are to be guaranteed. In the second case, on the contrary, that power is the immanent movement of a surplus, of an “essential superabundance” that does not need to be conquered, since it already exists, even if in the form of a potentiality, but liberated from the institutional chains that restricts its full expression.

MARIA DE FATIMA SEVERIANO

Professora Associada III no Depto. de Psicologia e no Programa de Pós Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Ceará (UFC). Doutora em Ciências Sociais Aplicadas pela UNICAMP e Universidad Complutense de Madrid. Membro fundadora e pesquisadora do Laboratório de Psicologia em Subjetividade e Sociedade (LAPSUS). Autora dos livros: "Narcisismo e Publicidade: uma análise psicossocial dos ideais do consumo na contemporaneidade" (Ed. Annablume, 2001 e 2007 e Ed. Siglo XXI- Espanha e Argentina, 2005) e "Consumo, Narcisismo e Identidades Contemporâneas" (Ed. EdUERJ, 2005), além de vários artigos na área na linha de pesquisa de consumo, mídia e subjetividades contemporâneas. Atualmente realiza Pós-Doutorado no Programa de Pós Graduação em Psicologia Social da UERJ.

Link para sua página pessoal:http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?metodo=apresentar&id=K4785726T8.

Título: TEMPORALIDADES DISSOLVIDAS: A EXPANSÃO TECNOLÓGICA E O CONSUMO DO TEMPO NA MODERNIDADE TARDIA

Resumo: O desenvolvimento globalizado da tecnologia acalentou, no decorrer dos séculos, a esperança de liberação do homem da labuta, através da automação do trabalho, com consequente expansão do seu tempo livre. Esta seria a condição de possibilidade para o desenvolvimento das potencialidades individuais, para a conquista da emancipação humana e da felicidade, enfim. Atualmente vive-se um tempo em que a tecnologia, sob os efeitos da informática e da robótica, alcançou níveis exponenciais de crescimento, produzindo uma compressão do espaço e do tempo, que possibilita a automação do trabalho e a realização de tarefas humanas de forma simultânea e sem fronteiras. Na contemporaneidade é corrente a concepção, segundo a qual o tempo livre predominaria de forma marcante sobre o tempo de trabalho, se tornando a categoria central no atual ordenamento subjetivo e social dos indivíduos. Considera-se, neste trabalho, que este argumento da suposta centralidade do tempo livre aponta, principalmente, para as “facilidades” auferidas pelo desenvolvimento exponencial das novas tecnologias informatizadas, para as “benesses” propiciadas pelo incremento vertiginoso do consumo e para as ”múltiplas ofertas” de lazer, veiculadas pela indústria cultural - dispositivos culturais privilegiados na ordenação das fronteiras entre tempo de trabalho e tempo liberado do trabalho. Assim, este estudo reflete, a partir dos teóricos da Escola de Frankfurt, sobre as novas formas de interseção entre “Tempo livre” e “Tempo de Trabalho”, investigando em especial o papel das tecnologias de informação e comunicação na intensa aceleração do ritmo de vida dos contemporâneos, cujo culto à velocidade, torna o tempo um dos bens de consumo mais raros. Considerando-se que as facilidades auferidas pelos recursos tecnológicos deveriam dar subsídios para a diminuição do trabalho laboral, interroga-se acerca do paradoxo entre a incessante inovação e aceleração tecnológica e a escassez de tempo referida pelos contemporâneos, com consequente aceleração em seus ritmos de vida em todas as esferas. Sob os auspícios das três instâncias referidas a sociedade contemporânea teria se tornado mais libertária, plural e democrática? Qual o significado da atual apologia ao tempo livre? Teria, por fim, se realizado os ideais de automação do trabalho e liberalização humana? Nossa hipótese é a de que a atual proeminência do chamado tempo livre sobre o tempo do trabalho, enquanto um tempo social forte, somente ocorre porque ele se tornou um tempo de produção, com vistas à expansão do mercado. Portanto, considerando em especial as novas tecnologias como um dos modos e dispositivos culturais preponderantes na ocupação do atual “tempo livre” busca-se refletir acerca das implicações psicossociais da invasão da lógica produtivista no âmbito do “tempo livre” e suas repercussões no processo de emancipação/dominação do indivíduo contemporâneo.  

Associate Professor III in the Department of Psychology and in the post graduation program of Psychology at the Federal University of Ceará (UFC). PhD in Applied Social Sciences at UNICAMP and at Complutense University of Madrid. Founding member and researcher at the Psychology Laboratory of Subjectivity and Society (LAPSUS). Author of books: "Narcissism and Advertising: a psychosocial analysis of the ideals of consumption in contemporary " (Ed. Annablume, 2001 and 2007 and Ed Siglo XXI - Spain and Argentina, 2005) and "Consumption, Narcissism and Contemporary Identities" (Ed . EdUERJ, 2005) and several articles in the research area of consumption, media and contemporary subjectivities. Currently performs Postdoctoral at the post graduation program of Social Psychology at the State University of Rio de Janeiro - UERJ.

Title: DISSOLVED TEMPORALITIES: TECHNOLOGICAL EXPANSION AND THE CONSUMPTION OF TIME IN LATE MODERNITY

Abstract: The globalized development of technology nurtured, over the centuries, the hope that the man would be released from toil, through the automation of labor, with consequent expansion of free time. This would be the condition for the development of individual potential, the conquest of human emancipation and happiness at last. Currently we live in a time where technology, under the effects of computing and robotics, reached exponential levels of growth, producing a compression of space and time, which enables the automation of the work and the performance of human tasks simultaneously and without borders. In contemporary world is current the idea that free time will predominate over working time, becoming the central category in current subjective and social configuration of individuals. It is considered in this paper, that this argument of a supposed centrality of free time points out mainly to the "facilities" received by the exponential development of new computer technology, for the "goodies" offered by the vertiginous increase of consumption and for the “multiple offers” of leisure, offered by culture industry - privileged cultural devices ordering the boundaries between work time and free time. Thus, this study reflects, from Frankfurt School theorists, about the new ways of intersection between "free time" and "working time", investigating in particular the role of information and communication technologies in the intense acceleration of contemporary individuals life’s rhythm, whose cult of speed makes the time one of the rarer consumer goods. Considering that the facilities received by technological resources should give subsidies to reduce labor work, we put in question the paradox between the increase of innovation and technological acceleration and the lack of time pointed out by contemporary individuals, with consequent acceleration in rhythms of life in all areas. Under the auspices of the three referred instances, have contemporary society became more libertarian, plural and democratic? What is the meaning of current  advocacy of free time? Would, finally, came true the ideals of labor automation and human liberalization? Our hypothesis is that the current emphasis of the so-called free time over work time, while a strong social time, occurs only because it became a production time, aiming a market expansion. Therefore, considering in particular new technologies as one of the predominant cultural devices in the occupation of current "free time" we try to reflect on the psychosocial implications of the invasion of productivist logic within the "free time" and its repercussions on the process of emancipation/domination of contemporary individuals.

 

CÁSSIO BRAZ DE AQUINO 

Professor do Depto. de Psicologia da Universidade Federal do Ceará - graduação e pós-graduação, doutor em Psicologia Social pela Universidad Complutense de Madrid, Coordenador do Núcleo de Psicologia do Trabalho. Autor de textos sobre tempo e trabalho em periódicos no Brasil e Espanha, com destaque para o livro Psicologia Social: desdobramentos e aplicações (2004).

Link para sua página pessoal: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=P306729

Título: A FLEXIBILIDADE E O REPARTO DO TRABALHO: QUESTÕES FUNDAMENTAIS NA COMPREENSÃO DAS MUDANÇAS DA TEMPORALIDADE LABORAL

Resumo: Até meados dos anos de 1970 vivíamos sob um modelo de organização social do tempo ancorado no parâmetro sócio produtivo fordista, estável e hegemônico. A partir dos anos de 1980 são introduzidas e ampliadas novas concepções de temporalidade, distintas daquelas que foi definida por Schor (1994) como “círculo vicioso do trabalho-consumo”.

As mudanças ocorridas na estrutura produtiva podem ser apontadas como a principal responsável pela introdução de uma nova organização social do tempo, reiterando a centralidade do trabalho nessa configuração. Por um lado, a adoção de modelos produtivos não-fordistas pressionou que houvesse uma maior flexibilidade do tempo aplicado a organização da produção. Por outro lado, as ações de enfrentamento aos altos índices de desemprego, centrados, sobretudo em políticas de reparto do trabalho, também tiveram impacto sobre a nascente ordem social do tempo pós-industrial.

Flexibilidade e reparto do trabalho são, pois, fenômenos que têm impacto fundamental na caracterização do atual mercado laboral viabilizando, assim, o surgimento de um novo arranjo da relação tempo, trabalho e ordem social. A partir da análise dessa relação nos propomos a compreender quais as transformações que se evidenciam na premissa do tempo como corolário do trabalho, tal como apregoa Nicholas Grimaldi (1992).

Teacher of the Department of Psychology  at Universidade Federal do Ceará. Post- doctorate  in Social Psychology  at Universidad Complutense de Madrid. Coordinator of the study group of Work Psychology.

Title: Flexibility and labor sharing: understanding the changes of labor Temporality

Abstract: Until the mid-1970s we lived under a model of social organization anchored in the Fordist parameter of  production, stable and hegemonic. After the 1980's new conceptions of temporality are introduced and expanded, which was different from those defined by Schor (1994) as "vicious circle of labor-consumption."

The changes in the production structure can be indicated as the main responsible for the introduction of a new social organization of time, reiterating the centrality of work in this configuration. On the other hand the actions of coping with high unemployment, centered mainly on policies of labor sharing also had an impact on the emergent social order of post-industrial time. Flexibility and labor sharing are therefore phenomena that have fundamental impact on the characterization of the current labor market enabling the emergence of a new arrangement of the relationship between time, work and social order. From the analysis of this relationship we propose to understand the changes that are evident on the premise of time as a corollary of the work as proclaims Nicholas Grimaldi (1992).

 

TOMMY AKIRA GOTO

Professor Adjunto do Curso de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Doutor em Psicologia pela PUC-Campinas (2007), Mestre em Filosofia e Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo (2002) e Graduado em Psicologia pela Universidade São Marcos (1998). É membro-colaborador da CLAFEN e membro-assistente da Sociedad Iberoamericana de Estudios Heideggerianos (SIEH). Tem experiência clínica e docente em Psicologia, com ênfase na Psicologia Fenomenológica de Edmund Husserl e Edith Stein. É coordenador-pesquisador do Grupo de Pesquisa em “Subjetividade, Psicologia e Práticas Clínicas” nas linhas: “Contribuições da Fenomenologia à Psicologia: investigação fenomenológica dos fenômenos psíquicos” e “Atuação do Psicólogo nas Políticas Públicas: Método e Intervenção no contexto clínico-social”.

Título: A HISTÓRIA E A TEMPORALIDADE NA FENOMENOLOGIA DE EDMUND HUSSERL

Resumo: O trabalho tem como intuito principal reivindicar o valor extraordinário que o pensamento filosófico-fenomenológico de Edmund Husserl (1859-1938) teve em relação à questão do tempo e da história na constituição da subjetividade. Para isso objetiva-se, em primeiro lugar, explicitar a importância da vivência temporal (temporalidade) na Fenomenologia Transcendental e seu papel na constituição da consciência. Em seguida, mostrar como a vivência temporal da consciência está no fundamento da história humana porque, como se observará no pensamento de Husserl, o mundo, a temporalidade e a subjetividade são descritos primordialmente como históricos. Durante muito tempo se criticou e, muitas vezes ainda se critica a fenomenologia husserliana como uma filosofia a-histórica, atemporal e anti-histórica, fundada especificamente na afirmação provisória que a mesma se refere exclusivamente “às coisas mesmas”, ou seja, em um retorno às essências. Conforme os filósofos Ludwig Landgrebe (1968), Javier San Martín (1994), Jesus M. Díaz Alvarez (2003) e Renato Cristin (2000), essas críticas são equivocadas por um sério motivo: a interpretação errônea da Fenomenologia como Wesenslehre, isto é, como doutrina das essências. Claro que essa interpretação está pautada na má compreensão do sentido de “essência” assumido na Fenomenologia, o que levou a uma distorção das análises que se fazem dela com relação a sua consideração histórica. Para tanto, no âmbito geral, pode-se dizer que a análise da subjetividade foi um dos projetos básicos da fenomenologia husserliana e devido a isso foi inevitável o descobrimento do caráter temporal e histórico da mesma. Ainda, na análise fenomenológica da subjetividade, como destaca Ludwig Landgrebe, a historicidade se apresentará como historicidade da consciência, ou seja, um fluir temporal dos atos intencionais. Tal análise genética da temporalidade e historicidade da consciência foi o ponto de partida que conduziu Husserl efetivamente ao entendimento da constituição da história concreta, discutida mais propriamente nos escritos que foram reunidos na obra “A crise das ciências européias e a fenomenologia transcendental” (1934-1937). Essas são algumas das evidências que mostram não ser verdadeiras as afirmações de que Husserl apenas tenha tematizado a história em seus últimos escritos, mas antes, as atuais publicações (manuscritos e textos inéditos) demonstram que Husserl manteve-se preocupado com a questão do tempo e da história desde seus primeiros escritos fenomenológicos.

Associate Professor of Psychology at the Federal University of Uberlândia (FUU), PhD in Psychology from PUC-Campinas (2007), Master in Philosophy and Sciences of Religion from Methodist University of São Paulo (2002) and graduate in Psychology from University San Marcos (1998). He is collaborator-member of CLAFEN and assistant-member of Iberoamerican Society of Heideggerian Studies (ISHS). He has experience in clinical and teaching Psychology, with an emphasis on Phenomenological Psychology of Edmund Husserl and Edith Stein. He is coordinator-researcher of the Research Group "Subjectivity, Psychology and Clinical Practice" in the areas: "Contributions of Phenomenology to Psychology: phenomenological investigation of psychological phenomena" and "The psychologist’s practice in Public Policies: Method and Intervention in clinical-social context".

Title: History and Temporality in Edmund Husserl’s phenomenology

Abstract: The paper especially aims to claim the extraordinary value of Edmund Husserl’s (1859-1938) philosophical-phenomenological thoughts about the issue of time and history in the constitution of subjectivity. In order to this, we aim, at first, to explain the importance of temporal experience (temporality) in Transcendental Phenomenology and its role in the constitution of conscience. Then, show how the conscience’s experience of time is in the foundation of human history because, as will be seen at Husserl’s thought, the world, the temporality and the subjectivity are described as primarily historical. For a long time, Husserl’s phenomenology was, and often still is, criticized as an a-historical, a-temporal and anti-historical philosophy, founded specifically in the provisional statement that it refers only "to the things themselves", in other words, a return to the essences. As the philosophers Ludwig Landgrebe (1968), Javier San Martín (1994), Jesus M. Diaz Alvarez (2003) and Renato Cristin (2000) say, these criticisms are mistaken for a serious reason: the misinterpretation of Phenomenology as Wesenslehre, in other words, as a doctrine of the essences. Of course this interpretation is based in the misunderstanding of the meaning of "essence" assumed in Phenomenology, which led to a distortion of the analysis made about its historical consideration. Therefore, in general, we can say that the analysis of subjectivity was one of the basic projects of Husserl’s phenomenology and because of this was inevitable the discovery of its temporal and historical character. Still, in the phenomenological analysis of subjectivity, as highlighted by Ludwig Landgrebe, historicity will show itself as historicity of the conscience, in other words, a temporal flow of intentional acts. Such genetic analysis of the temporality and historicity of the conscience was the starting point that led Husserl effectively to the understanding of the constitution of concrete history, as discussed more specifically in the writings collected in the book "The Crisis of European Sciences and Transcendental Phenomenology" (1934-1937 ). These are some of the evidences that show not to be true the statements that defends that Husserl has only thematized history in his later writings, but rather, current publications (manuscripts and unpublished) shows that Husserl remained preoccupied with the issue of time and history from his earliest phenomenological writings.

HELIANA DE BARROS CONDE RODRIGUES 

Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1972), mestrado em Saúde Coletiva pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1994) e doutorado em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo (2002). É professora adjunta e procientista da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com atuação docente nos cursos de graduação em Psicologia, especialização em Psicologia Jurídica e Pós-graduação em Psicologia Social. Professora-colaboradora do Mestrado em Psicologia Institucional da UFES, concluiu em 2011 estágio de pós-doutoramento, sob supervisão do Prof. Edson Passetti, na PUC-SP. Sua experiência principal situa-se na área de Psicologia Social, com ênfase em História da Psicologia. Dedica-se especialmente aos seguintes temas: práticas grupais, análise institucional, desinstitucionalização psiquiátrica, história oral, genealogia foucaultiana e estudos sobre produção de subjetividade.

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Título: TEMPO CRONOLÓGICO, TEMPO OPORTUNO, JORRAR DO TEMPO - CONSIDERAÇÕES INTEMPESTIVAS SOBRE FOUCAULT NO BRASIL

Resumo: Tendo por base a investigação “Michel Foucault no Brasil: presença, efeitos e ressonâncias”, o trabalho recorre a lembranças daqueles que conviveram com o filósofo quando de suas visitas ao Brasil, nos anos 1960 e 1970. Busca, com isso, trazer à cena diferentes formas de temporalidade e de subjetivação, em um momento – o contemporâneo – no qual essas experimentações facultativas se tornam cada vez mais necessárias, tendo em vista as políticas vigentes de controle da vida. A História Oral, praticada de maneira singular, inspirada no oralista italiano Alessandro Portelli, desempenha papel primordial nesse ensaio resistencial ou contracondutual, para usar os termos empregados por Michel Foucault.

With a degree in Psychology from the Federal University of Rio de Janeiro (1972), master in Collective Health from Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1994) and Ph. D. in Educational and Human Development Psychology from Universidade de São Paulo (2002). She is a adjunct professor and pro scientist at Universidade do Estado do Rio de Janeiro, teaching at Psychology graduation courses, specialization in Legal Psychology and post graduation in Social Psychology. Assistant professor in the Institutional Psychology’s master program at UFES, finished in 2011 the post doctoral under the supervision of Prof. Edson Passeti at PUC-SP. Her main experience in on Social Psychology, with emphasis on Psychology History. She dedicates herself especially to the following topics: group practices, institutional analysis, Psychiatric Deinstitutionalization, oral history, foucauldian genealogy and studies about subjectivity production.

Title: Cronological Time, Opportune Time, gush out of time – stormy considerations about Foucault in Brazil

Abstract: Based on the investigation “Michel Foucault no Brasil: presença, efeitos e ressonâncias”, this work calls upon the memories of those who stayed with the philosopher during his visits to Brazil, in the 60s and 70s. By doing so she aims to bring to stage different ways temporality and subjectivation in a moment – the contemporary – on which these optional trials become more and more necessary, in view of current policies for life control. The Oral History, practiced in a unique way, inspired on the Italian oralist Alessandro Portelli, plays a fundamental role in this resisting or anti-conductual, to use the same words used by Michel Foucault.

 

EDSON LUIZ ANDRÉ DE SOUSA

Psicanalista. Professor Associado do Instituto de Psicologia - UFRGS. Professor do PPG em Psicologia Social e PPG em Artes Visuais - UFRGS. Pós-Doutorado na Universidade de Paris 7 e na École des Hautes Études em Sciences Sociales (2009/2010). Doutorado na Universidade de Paris 7. Pesquisador do CNPQ. Coordena junto com Maria Cristina Poli o LAPPAP (Laboratório de Pesquisa em Psicanálise , Arte e Política). Membro do GT Psicanálise: Política e Cultura (ANPEPP), membro da Associação Universitária de Psicopatologia Fundamental, membro do LIPIS -Laboratório Interdisciplinar de Pesquisa e Intervenção Social (PUC-RJ), membro do Grupo de Pesquisa Sujeito, Sociedade e Politica (USP), membro da Rede de Pesquisa Escritas da Experiência (UERJ), pesquisador do grupo OUTRARTE - Instituto de Estudos da Linguagem (UNICAMP), membro do GT Literatura e Utopia - UFAL, membro correspondente do grupo de pesquisa Pândora - Psicanálise e Arte - Universidade de Paris 7. Professor Visitante na Deakin University (Melbourne), Instituto de Estudos Criticos (Mexico), DePaul University (Chicago). Autor entre outros dos livros Freud: Ciência, Arte e Politica com Paulo Endo (LPM, POA, 2009); Uma invenção da Utopia (Lumme , SP. 2007); Freud (Editora Abril, SP, 2005).

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Título: TEU TEMPO TE MOSTRAREI EM UM PUNHADO DE PÓ: IMAGEM, UTOPIA E PROPAGANDA

Resumo: Vivemos tempos de urgência, de consumo, de desperdício. A sedução da imagem não se restringe aos anúncios publicitários. Há uma publicidade contudo que nos captura de forma tão violenta que por vezes nem conseguimos reconhecer sua presença. Abordar o tema da propaganda se faz cada vez mais essencial já que não podemos pensar  a propaganda sem transitar pelos circuitos do poder que constituímos e que nos constituem. Mas de que poder se trata aqui? Poder da imagem, na medida em que tenta capturar  o olhar do outro em um ponto preciso, fixando o sentido de forma arbitrária, deixando na sombra tudo aquilo que poderia vir a gerar uma crise de interpretação e de leitura. O objeto tem que se revelar de forma unívoca e,  basta este detalhe  para perceber a tirania desta posição. Desenvolverei  estas idéias a partir dos aportes de Noam Chomsky sobre o funcionamento da maquinaria da propaganda na esfera política e a partir de aporte critico que o estudo das utopias nos abre.  Mais do que nunca precisamos recuperar uma utopia para a história.

Psychoanalyst. Associate  Professor of the Institute of Psychology – Federal University of Rio Grande do Sul (FURGS). Professor of the Graduate Program in Social Psychology and the Graduate Program in the Visual Arts at FURGS. Post-Doctorate at the University of Paris 7 and in the École des Hautes Ètudes en Sciences Sociales (2009/2010). PhD. at the University of Paris 7. Researcher of the CNPQ. Coordinates, with Maria Cristina Poli, the Laboratory for Research in Psychoanalysis, Art and Politics (LRPAP). Member of the Workgroup Psychoanalysis: Politics and Culture (WPPC), member of the University Association  of Fundamental Psychology, member of the Interdisciplinary Laboratory of Research and Social Intervention (ILRSI) in the Catholic University of Rio de Janeiro,  member of the Research Group in the Subject, Society and Politics (São Paulo University-SPU), member of the Written Research Experience Network (State University of Rio de Janeiro- SURJ), researcher of the group OUTRARTE – Institute for the Studies of Language (University of Campinas – UNICAMP), member of the workgroup Literature and Utopia – Federal University of Alagoas (FUAL), writing member of the research group Pândora – Psychoanalysis and Art – University of Paris 7. Visiting Professor at the Deakin University (Melbourne), Institute of Critical Studies (Mexico), De Paul University (Chicago). Author of, among others, of the books Freud: Science, Art and Politics with Paul Endo (LPM, POA,2009); An invention of Utopia (Lumme, SP, 2007); Freud (Editora Abril, SP, 2006). Link to his Lattes homepage : http://lattes.cnpq.br/1950953469711761 

Title: YOUR TIME I´LL SHOW YOU IN A HANDFUL OF DUST: IMAGE, UTOPIA AND MARKETING

Abstract: We live times of urgency, consumption and waste. The seduction of imagery is not restricted to advertising. However, there is an advertising that captures us in such a violent manner that sometimes we fail even to perceive its presence. To approach the theme of marketing is each time more essential since we cannot think about it without dealing with the circuits of power that we constitute and that in turn constitute us. But what power are we talking about? Power of the image, as far as we try to capture the eye of others in precise spots, so as to consolidate the meaning in an arbitrary way and leaving everything that could generate a crisis of interpretation and reading in the shadows. The object is supposed to reveal itself in a univocal way, and this detail is enough to make us perceive the tyranny of this position. I will develop these ideas both after the approaches of Noam Chomsky about the functioning of the propaganda machine in the political sphere and the critical approach that the study of utopias allows us. More than ever we have to recover an utopia for history.

 

FERNANDO GASTAL DE CASTRO

Professor do Instituto de Psicologia da UFRJ, doutor em Psicologia do Trabalho e das organizações (UFSC- Paris 7), Mestre em Psicologia pela UFSC e Mestre em Sociologia pela Université Paris 7. Especialista em fenomenologia e existencialismo e psicólogo graduado pela UFSC. Atualmente desenvolve suas pesquisas em torno do tema do sofrimento psíquico e trabalho na contemporaneidade e ainda coordena um projeto de estágio e extensão em Clinica do Trabalho junto ao Departamento de Psicologia Aplicada do Instituto de Psicologia (UFRJ).

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TÍtulo: PARADOXOS DA RELAÇÃO ENTRE TRABALHO E GESTÃO NA CONTEMPORANEIDADE E SUAS FORMAS DE SOFRIMENTO CAPAZES DE CONDUZIR A MORTE VOLUNTÁRIA

Resumo: O mal estar ligado ao trabalho ganhou uma amplitude mundial. Apesar das especificidades de cada país ou de cada empresa, o estresse, os distúrbios psíquicos ligados as condições de trabalho, o esgotamento físico e emocional (burnout), o assédio e o suicídio tornaram-se problemas vividos pelos trabalhadores, funcionários e chefias seja na Europa, como na Ásia e nas Américas. Um problema ligado a intensificação do trabalho, ao estabelecimento de objetivos irrealizáveis, a priorização dos ganhos financeiros à curto prazo, a desregulamentação e criação de novas formas de subcontratação, a uma gestão destrutora do coletivo que isola seus funcionários, a uma mentalidade gestionária que se distancia do trabalho concreto e a um sistema de injunções paradoxais que deixam os sujeitos perdidos em relação ao sentido de seu trabalho e de seu futuro.

Para compreender tal problema, consideramos a existência de uma situação paradoxal entre a realidade do trabalho e a lógica gestionária capaz de conduzir os sujeitos a uma situação “sem saída” e potencialmente portadora de uma crise suicida. Temos como hipótese que tal situação paradoxal mostra-se capaz de criar um "impasse" entre “personalização” (construção de si) e “sociologização” (construção do tecido social), portadora de um antagonismo inconciliável entre a exigência de realização de si conforme o modelo da ideologia e dos valores dominantes, e a exigência de integração à lógica social-organizacional. As relações entre trabalho e gestão mostram-se assim, permeadas por uma contradição desumanizante: o movimento do sujeito em direção a fazer parte do tecido social-organizacional implica na perda de si mesmo e, contrariamente, o movimento em direção a construção de si mesmo implica na perda de lugar no tecido social-organizacional. Um impasse, portanto, entre “personalização” e “sociologização” que se tornam termos antagônicos e mutuamente excludentes, capaz de conduzir os sujeitos à uma crise suicida.

UFRJ Psychology Institute teacher, doctor in Work and Organizational Psychology (UFSC – Paris 7), master in Psychology at UFSC and master in Sociology at Université Paris 7. Specialist in phenomenology and existencialism, graduated as psychologist at UFSC. Nowadays develops his researches on psique suffering and working on the contemporary times and also coordinate a training and studies extension project on Work Clinic along with the Applied Psychology Department of the Psychology Institute at UFRJ.

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Title: PARADOXES OF WORKING RELATIONS AND MANAGEMENT ON THE CONTEMPORARY TIMES AND ITS SUFFERING FORMS ABLE TO CONDUCT TO THE VOLUNTEER DEATH.

Abstract: The bad feelings around the working experience has won global proportions. Despite each countries’ specification, or even each companies’ particularities, the stress, the psycho disturbs related within to the working conditions, the physical and emotional worn out process, the harassment and all the suicides have become problems faced by the workers, collaborators and bosses through Europe, Asia and Americas. A problem related to the intensification of work, to the unreachable established goals, to the monetary priorities in short term, to the deregulation and creation of new forms of working hiring, related to a destructive management of the collective, all of this isolate the workers into a mentality of pure technique and management means, which one is in fact distant from the real working process, and at least related to a system of paradox rigid orders systems that contribute within the lost feeling shared by the workers in relations to their sense of work and future.

To comprehend this pointed problem, we consider the existence of a paradox situation in between the work reality and the management logic, capable to conduct the subjects to a “no way out” situation, potentially promoter of suicide crisis. We have as a hypothesis that this paradox situation is able to create a dilemma in between the personalized subject construction process (the self building process), and the socializing human process (the social tissue building process), and it would be full filled with a not conciliating antagonism between the needs of the self satisfaction according to the ideology model and dominant values, and the need of integration to the social organizational logic. The relations between work and management are full of dehumanizing contradictions: the subject movement towards being part of the social organizational tissue implies on the loss of the subject’s self, and in the other hand, the movement towards the construction of the self implies on the loss of a place in the social organizational tissue. A dilemma, then, in between “personalization” and socializing that become antagonist and mutually excluding among themselves and this dilemma is capable of conducting the subject to a suicide crisis.

RACHEL AISENGART MENEZES

Médica e antropóloga, Doutora em Saúde Coletiva, Professora Adjunta do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva/UFRJ. Pesquisadora dedicada aos temas: corpo/saúde/doença; vida/morte; ética médica/bioética; instituições e profissões de saúde. Autora dos livros Difíceis decisões: etnografia de um centro de tratamento intensivo e Em busca da boa morte. Antropologia dos Cuidados Paliativos, co-organizadora de Vida, morte e dignidade humana e Valores religiosos e legislação no Brasil. A tramitação de projetos de lei sobre temas morais controversos, e de diversos artigos sobre a gestão contemporânea da morte.

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Título: GESTÃO CONTEMPORÂNEA DO MORRER

Resumo: A partir da metade do século XX, com a criação de diversos recursos tecnológicos, sobretudo com o advento do respirador artificial, os critérios de morte se transformaram, assim como o processo do morrer em decorrência de doença crônico-degenerativa. Cada vez mais consegue-se postergar o momento da morte. Ao mesmo tempo, observa-se a construção de novas possibilidades e novas sensibilidades, tanto referentes ao sofrimento do doente, no caso de manutenção artificial da vida quanto diante do término da vida, por suicídio assistido e/ou eutanásia. Minha fala se detém sobre as formulações de Pessoa, indivíduo, autonomia, vida/morte e sofrimento que estão em jogo em cada situação e em diferentes contextos, que contam com distintas legislações sobre o processo do morrer. Para tanto, examino alguns casos famosos que provocaram polêmicas e reações públicas em torno da gestão do morrer. A atribuição diferencial de valor para vida, morte e autonomia individual pode ser observada em cada caso analisado, assim como a construção de nexos entre medicina, direito, moral e sentimentos, em cada contexto.

Medical and anthropologist, Pós- doctorate in Public Health, Professor at Institute for Studies in Public Health / UFRJ. Researcher devoted to themes body / health / illness, life / death, medical ethics / bioethics; institutions and health professions.

Title: CONTEMPORARY MANAGEMENT OF DYING

Abstract: From the mid-twentieth century, with the creation of several technological resources, especially with the advent of artificial respirator, the criteria of death changed, like the process of dying as a result of chronic degenerative disease. More and more is possible delaying the moment of death. At the same time, there is the construction of new possibilities and new sensibilities,  concerning the suffering of the sick, in the case of artificial maintenance of life, as well as in the case of the end of life by assisted suicide and / or euthanasia. My speech will focus on formulations about person, individual, autonomy, life / death and suffering   in every situation and in different contexts, which have different laws about the process of dying. Therefore, I examine some famous cases that caused controversy and public reactions around the management of dying. The differential allocation of value for life, death and individual autonomy can be observed in each case analyzed, as well as the building connections between medicine, law, morals and feelings in each context.

HARTMUT ROSA

É professor de Sociologia e Teoria Social na Universidade Friedrich-Schiller em Jena na Alemanha. É também professor afiliado do Departamento de Sociologia, para Pesquisas Sociais da New School em Nova Iorque. Em 1997 ele recebeu seu título de PhD em Política Social pela Universidade de Humboldt em Berlim. Depois disso, seguiu lecionando nas universidades de Mannheim, Jena, Augsburg e Essen, e foi Vice-Presidente e Secretário Geral do Comitê 35 de Pesquisas da Associação Internacional de Ciências (ISA) e um dos diretores da Conferência Internacional Anual de Filosofia e Ciências Sociais em Praga. Suas publicações estão focadas em Aceleração Social e Estruturas Temporais da Modernidade, assim como Teoria Política do Comunitarismo.

Link para sua página pessoal: http://www.soziologie.uni-jena.de/soziologie/HartmutRosa.html 

Publicações: a) High-Speed Society: Social Acceleration, Power and Modernity: Penn State University Press, 2008 (Ed. with William Scheuerman) [tradução livre Sociedade em alta velocidade: Aceleração Social, Poder e Modernidade]. Este livro foi publicado em inglês pela Universidade de Penn State, 2008 (Ed. Com William Scheuerman). b) Beschleunigung. Die Veränderung der Zeitstrukturen in der Moderne, Frankfurt a. M.: Suhrkamp 2005 (French: Accéleration. Une critique sociale du temps, Trans. Didier Renault, Paris: La Découverte 2010; English version with Columbia University Press in print) [tradução livre:Aceleração. Uma crítica Social do tempo]. Este livro foi publicado em alemão pela editora Suhrkamp em 2005, traduzido para o francês e publicado pela editora Didier Renault em 2010; traduzido para o inglês e publicado pela Universidade de Columbia. c) Alienation and Acceleration.Towards a Critical Theory of Late-Modern Temporality, Malmö/Arhus: NSU Press 2010 (edição francesa: Aliénation et Accéleration. Vers une théorie critique de la modernité tardive. Trans. Thomas Chaumont, Paris: La Découverte 2012) [tradução livre: Alienação e Aceleração. Em direção à Teoria Crítica sobre Temporalidade na Modernidade Tardia]. Este livro foi publicado em inglês pela editora Malmö/Arthus: NSU em 2010; traduzido para o francês e publicado pela editora La Découverte em 2012. d) Four Levels of Self-Interpretation. A Paradigm for Social Philosophy and Political Criticism, in: Philosophy and Social Criticism, Jg. 30 (2004), Heft 5/6, S. 691-720. [tradução livre: Quatro níveis de Auto-Interpretação. Um paradigma para a filosofia Social e Crítica Política, 2004]. e) Wettbewerb als Interaktionsmodus. Kulturelle und Sozialstrukturelle Konsequenzen der Konkurrenzgesellschaft, in: Leviathan, Zeitschrift für Sozialwissenschaft, Jg. 34 (2006), S. 82-104.

Título: TERRORISTAS E SURFISTAS DE ALTA-VELOCIDADE: EM DIREÇÃO A UMA CONCEPÇÃO SOCIOLÓGICA DE IDENTIDADE PERFORMÁTICA

Resumo: Os padrões temporais de nossa vida individual – os seus ritmos e frequências ou níveis e taxas de movimento e transformação, horizontes e durações – estão diretamente interligados com os padrões temporais, ritmos e frequências ou níveis e taxas de movimento e transformação da sociedade. O tempo é intrinsecamente social – mesmo que seja o tempo de nossas vidas ou o tempo das fábricas. Por isso mudanças nos padrões temporais da sociedade estão inevitavelmente espelhadas na temporalidade dos cursos das vidas e identidades dos indivíduos.

Neste contexto eu pretendo explorar os efeitos transformadores da evolução social desde a pré-modernidade, ou as primeiras sociedades modernas, até a modernidade tardia, na temporalidade do curso da vida e também nos padrões temporais de identidade. O principal argumento que buscarei estabelecer é o de que a forma ‘clássica’ de identidade moderna, por exemplo, a concepção de uma identidade pessoal estável, está conectada com as frequências ou níveis e taxas de movimento e transformação geradoras de transformação social. Porém, dado os efeitos da aceleração social, tem-se que as taxas de transformação e inovação social cruzaram o ponto de partida em direção a frequências ou níveis e taxas de movimento e transformação intra geradoras. Por causa da instabilidade resultante nos padrões de associação e das formas de conhecimento e prática de relevância cultural, os padrões de identidade e as temporalidades dos cursos de vida são forçados a se adaptarem. Consequentemente, a moderna concepção de identidades pessoais estáveis, baseada na ideia de um conjunto de parâmetros individuais de identidade, como profissão, religião, família, política, etc., não mais se aplica no século XXI– esta concepção está sendo substituída por novas formas de ‘identidades performáticas’.

A fim de assegurar credibilidade empírica a este argumento, eu vou construir uma breve descrição das maneiras pelas quais as identidades são constituídas pelo tempo, ou por perspectivas temporais. Na segunda parte, eu seguirei para reconstruir sistematicamente as maneiras pelas quais os padrões temporais da sociedade moderna se transformam. Meu principal argumento aqui é que a modernidade é naturalmente dinâmica quanto a estas transformações, a modernidade é conduzida por um incessante processo de aceleração social. Desde o século XVIII as três dimensões de aceleração tecnológica da aceleração da transformação social e do aumento das frequências ou níveis e taxas de movimento e transformação da vida, se conectam de uma determinada maneira que progressivamente altera os padrões temporais da sociedade. Neste processo, eu vou argumentar que dois pontos críticos de partida são ultrapassados quando os níveis de transformação e taxas de movimento se excedem: primeiro, o ritmo de trocas entre gerações e segundo o ritmo de troca de gerações. Os efeitos biográficos destas críticas ultrapassagens serão explorados em uma terceira parte deste artigo antes que eu finalmente descreva brevemente os quatro tipos, ou padrões, de identidades biográficas que aparentam ser compatíveis com a temporalidade da sociedade moderna tardia. Cada um destes tipos aparece como sendo profundamente problemático, o que dificulta não chegar ao diagnóstico de uma crise temporal limitadora nesta modernidade tardia.

Professor of Sociology and Social Theory at Friedrich-Schiller-University in Jena, Germany. He also is an Affiliated Professor at the Department of Sociology, New School for Social Research, New York. In 1997, he received his PhD in Political Science from Humboldt-University in Berlin. After that, he held teaching positions at the universities of Mannheim, Jena, Augsburg and Essen and served as Vice-President and General Secretary for Research Committee 35 (COCTA) of ISA and as one of the directors of the Annual International Conference on Philosophy and the Social Sciences in Prague. His publications focus on Social Acceleration and the Temporal Structures of Modernity as well as the Political Theory of Communitarianism.

 

Title: TERRORISTS AND HIGH-SPEED SURFERS: TOWARDS A SOCIOLOGICAL CONCEPTION OF PERFORMATIVE IDENTITY

Abstract: The temporal patterns of our individual life – its rhythms and speeds, horizons and durations – are closely interwoven with the temporal patterns, rhythms and speeds of society. Time is intrinsically social – whether it is the time of our lives or the time of the social fabric. Therefore, changes in the temporal patterns of society are inevitably mirrored in the temporality of the life-course and of individual identities.

In this contribution I aim to explore the transformative effects of social evolution from pre- or early modern to late modern societies on the temporality of the life-course and on the temporal patterns of identity. The main claim I seek to establish is that the‘classical’ form of modern identity, i.e. the conception of a stable personal identity, is tied up with a generational pace of social change. However, due to the effects of social acceleration, the rates of change and social innovation have crossed the threshold to an intra-generational pace of change. Because of the resulting instability in the patterns of association and the culturally relevant forms of knowledge and practice, the patterns of identity and the temporalities of the life-course are forced to adapt. As a consequence, the modern conception of stable personal identities, based on the idea of a set of individualized parameters of identity such as profession, religion, family, political outlook etc., is no longer feasible in the 21stcentury –it is about to be replaced by new forms of ‘performative identity’.

In order to lend some empirical credibility to this claim, I will first sketch out the ways in which identities are constituted by time, or by temporal perspectives. In the second part, I will proceed to systematically reconstruct the ways in which the temporal patterns of modern society change. My main claim here is that modernity is inherently dynamic in that it is driven by an incessant process of social acceleration. From the 18thcentury onward, the three dimensions of technological acceleration, of an acceleration of social change and of a speed-up in the pace of life, interlink in a way that progressively transforms the temporal patterns of society. In this process, I will argue, two critical thresholds are crossed when the pace of change exceeds: first, the pace of inter-generational exchange and, second, the pace of generational exchange. The biographical effects of these critical crossings will be explored in the third part of this paper before I finally sketch out the four types, or patterns, of biographical identity which appear to be compatible with late-modern social temporality. Each of these types appears to be deeply problematic, such that it is hard to avoid the diagnosis of an impingent temporal crisis in late-modernity.

LUIZ ALBERTO OLIVEIRA

Físico, doutor em Cosmologia, pesquisador do Instituto de Cosmologia, Relatividade e Astrofísica (ICRA-BR) do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF/MCTI), onde também atua como professor de História e Filosofia da Ciência. É ainda curador do Museu do Amanhã (em implantação) e professor convidado da Casa do Saber do Rio de Janeiro e do Escritório Oscar Niemeyer, dentre outras atividades.

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Título: ACELERAÇÃO DO TEMPO E MODERNIDADE

Resumo: Acreditamos, fundados em nosso senso comum, conhecer os predicados essenciais do Tempo: fluxo irresistível que transporta os seres do mundo do passado para o futuro, unívoca base deslizante em que o Real habita, linha infinita de instantes. Há, sem dúvida, uma Imagem do Tempo bem definida no Ocidente. Contudo, para as Ciências contemporâneas da Natureza, essa Imagem, ainda que funcional em nosso quotidiano, não é “objetiva”, pois não corresponde a nenhum atributo fundamental da realidade natural. Diversas outras Imagens de Temporalidade são concebidas e empregadas pelas Ciências contemporâneas, implicando em profundas transformações tanto para o conhecimento sobre o mundo natural quanto, paralelamente, para o estatuto do sujeito humano. Qual o significado potencial dessa refundação dos Tempos para outros campos da cultura, na atualidade? 


Dr. Oliveira is a physicist, Doctor in Cosmology, researcher of the Institute of Cosmology, Relativity and Astrophysics (ICRA-BR) and of the Brazilian Center of Research in Physics (CBPF-MCTI) where he also teaches History and Philosophy of Science. He is also curator for the Museum of Tomorrow (in implantation) and visiting professor of the House of Knowledge of Rio de Janeiro and the Os car Niemeyer Office, among other activities. 
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Title: TIME ACCELERATION AND MODERNITY

Abstract: We believe, when founded in our common sense, that we know the essential predicates of Time: irresistible flux that transports the beings of the world from the past to the future, univocal gliding basis in which the Real abides, infinite line of instants. There is, no doubt, an Image of Time that is well-defined in the West. Nevertheless, for the contemporary Sciences of Nature, this Image, however functional for our daily lives, is not “objective”, since it doesn´t correspond to any fundamental attribute of natural reality. Several other Images of Temporality are conceived and used by the contemporary Sciences, implying profound transformations both for the knowledge of the natural world and, in parallel, for the statute of the human subject. What is the potential meaning of this re-foundation of Time for other fields of culture, nowadays?